Nos dias 12, 13 e 14 de dezembro participei, pela segunda vez, num retiro em Torres Novas, o retiro do Advento, no antigo colégio de Santa Maria com as irmãs de São José de Cluny. Voltei, pois, foi onde, pela primeira vez, certas palavras e certas perguntas se fizeram ouvir em mim.
Sexta-feira à noite, logo após termos sido recebidos, começámos por ver um filme (“God’s Not Dead”). Neste, por se ter recusado a afirmar que “Deus está morto”, um jovem universitário é desafiado, pelo professor de filosofia, durante as aulas seguintes, a convencer toda a turma do contrário, portanto, de que Deus está vivo. Com isto, a primeira noite decorreu sobre reflexão do desenlace do filme.
No sábado de manhã, feitos os deveres matinais, reunimos numa sala, acompanhados da Bíblia, para começarmos a partilhar o que tínhamos absorvido do filme e as conclusões que dele tirámos. Sem desvendar o desenrolar deste, pessoalmente, na situação do jovem, recusando de igual forma o pedido do professor, fiquei consciente de que não teria conhecimento suficiente para argumentar e defender no que acredito. O retiro foi, sem dúvida, uma boa oportunidade para trabalhar nesse sentido.
Posto o filme, ao longo do dia fomos consultando excertos da Bíblia entre os quais: a 2ª carta aos Coríntios; S. Lucas; S. Paulo e S. Mateus. E sobre os quais fizemos debates em pequeno grupos e ainda fizemos os chamados “mp0”.
Nos pequenos grupos começamos por nos conhecer uns aos outros, uma vez que pertencíamos a zonas diferentes da diocese. Depois, cada um apresentou a fonte de esperança, pela qual orientava a sua vida. Chegamos também a discutir quais foram as maiores injustiças que já sentimos. Considero estes debates muito importantes na medida em que nos permitem alcançar uma noção da diversidade de pessoas, dos seus valores e, mais importante ainda, isto permite-nos fazer comparações entre os nossos problemas e os deles. Permite-nos analisar de novo algumas situações e reformular a escala sobre a qual avaliamos os nossos problemas. Permite-nos ver onde nos excedemos, isto é, quais os extremos que essa escala pode ter. Ao conhecermos cada vez mais realidades acredito que se torna cada vez mais racional a forma como encaramos problemas nas nossas vidas.
Os “mp0” consistem em momentos de silêncio e de reflexão. E queria aqui partilhar que, no primeiro ano em que participei, os mp0 eram difíceis. Mesmo difíceis. Era demasiado tempo em que não sabia bem sequer o que fazer, chegava a ser desconfortável. No entanto, e suponho que se deva ao trabalho desenvolvido nos grupos de jovens durante o ano, comecei a conhecer-me melhor e, com isto, tornou-se mais fácil preencher estes momentos de forma muito natural, sem esforço.
Nos primeiros mp0 foi-nos proposto estabelecer objetivos para o retiro. Para mim, um deles foi, como já disse, trabalhar no sentido de aumentar os meus conhecimentos como cristã que me afirmo.
Depois, das leituras já referidas, centrámo-nos em S. Mateus (Mateus 5 – As Bem-Aventuranças). Foi-nos pedido que escolhêssemos uma das Bem-Aventuranças que nos marcasse mais. “Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus”. Porque é difícil ser puro. E é a chave do nosso objetivo. Cremos em Deus, porque temos fé. Até à morte. Com a morte acreditamos que teremos a resposta à nossa fé. Ver a Deus.
Para terminar, aconselho a todos os jovens que participem assim que tenham oportunidade. Que o façam de vontade. Porque é uma forma de fundamentar as nossas crenças. Embora, à partida, implementadas pelos nossos pais, não têm raízes.
Regina Filipe
Paróquia de Alcobertas