“Passa o Natal, o nervosismo cresce: como é que vai ser…? Será que fico bem alojado…? Será que a viagem corre bem…? Como vou sempre sozinho acaba por ser uma aventura de confiança, um desafio… Viver o inesperado!!!
Até que, na véspera, soube de uma amiga que ia no mesmo voo que eu. Lá nos encontramos em Lisboa no aeroporto… Trocam-se euros por “croas” (a moeda daquela terra)… Eu não! Como tinha pouco dinheiro (para variar) encomendei a um amigo meu que trabalha numa casa de câmbios… Arranjei um belo negócio. Claro que no Aeroporto encontra-se logo malta conhecida. No avião viaja um casal com 3 miúdos que também vão ao encontro. Lá chegamos…
Primeira aventura, descobrir o abrigo onde a minha amiga ia ficar… Chegar e estar fechado. Frio!!! Mas muito!!! Este foi o encontro com mais frio que me lembre!!! E como pessoa mais ou menos prevenida (este ano decidi não confiar tanto na divina providência como no ano passado…) arranjei dormida nos Jesuítas. Sabia o caminho no metro, e chegados à superfície… E agora!? para que lado!? Bastou rodar 360º e encontrar um IHS gigante numa Igreja. Fácil!!!
Muito bem recebidos, bem acomodados, fomos jantar. Depois de jantar apanhar taxi e ir tirar umas fotos à ponte Carlos. Engraçado, os taxistas também falam de futebol!!! 😉 Descansar bem, apanhar o metro e fazer o acolhimento. Os reencontros do costume, os abraços apertados, os sorrisos… É tão bom!!!
À noite vem sempre a maior aventura: encontrar a paróquia onde vamos ficar… Aqui a regra de ouro é nunca confiar nos mapas de Taizé!!! Seguir apenas os nomes das ruas que estão escritos e confiar!!! É que nunca bate certo!!!
Voltei a ficar numa família… Vá, mais ou menos: era uma senhora que foi a três encontros e deixou o marido com os pais e os sogros para nos acolher e coordenar a paróquia… Um amor!!! Mesmo!!! Fiquei na casa com um rapaz alemão. Aquele típico de Taizé: rastas loiras, alto. O tipo de pessoa com quem não se quer falar. Foi muito engraçado, conhecemo-nos à porta da Igreja e a empatia foi imediata. Claro que isto só acontece em Taizé. Falava brasileiro, era músico também!!!
O resto? Rezar, descansar, estar com amigos, encontrar pessoas que não vemos há 9 anos, completamente por acaso, recomeçar conversas inacabadas e mesmo assim não as deixar acabar…
Nestes encontros nunca sou “o turista”, mas este ano, de manhã, tive algum tempo não só para mim como para visitar alguns pontos interessantes. A vista do Visherad é fabulosa. Tive ainda a graça de cantar em duas das igrejas mais emblemáticas de Praga nas orações da tarde para portugueses e alemães!
E numa terra onde a cerveja é mais barata que a água, as noites foram sempre regadas com moderação e ao pé de bons amigos e boas conversas.
Um dos pontos mais tocantes do encontro foi a segunda oração das 13 para os voluntários, onde os Irmãos fizeram 30 minutos de silêncio e apenas se cantarem dois ou três cânticos. Foi bom rezar com tantos voluntários pela paz no mundo. Outro dos momentos altos foi o anúncio do próximo encontro, quando o irmão Alois disse que iriamos para um país quente e onde as pessoas estão a passar grandes dificuldades sente-se logo uma alegria no ar, e com o nome da cidade, uma enorme salva de palmas.
Para o ano é em Valência, Espanha, bem perto!!! Tenho de ir, e quero imenso organizar um autocarro com voluntários que serão muito necessários. Para mim só faz sentido ir a estes encontros como voluntário e servir. E estou certo que a muitos outros jovens também faz mais sentido desta forma!
No fim do encontro é o misto do “cheguei ontem” mas “afinal já cá estou há um mês”!? Na última noite fiquei sozinho em casa, a senhora confiou-me a chaves tal é a confiança e cumplicidade que se cria numa semana.
E dar graças por conseguir ir sempre passar o ano onde faz sentido para mim. Já lá vão onze.”
Gonçalo Costa Cordeiro