“Felizes os que se abandonam em Ti, oh Deus, na confiança de coração. Tu nos guardas na alegria, na simplicidade, na misericórdia”
Taizé, na Borgonha, França, 9 a 16 de agosto 2015, o maior Encontro Internacional promovido por esta comunidade ecuménica, com o tema “Rumo a uma nova solidariedade”. Uma semana que prestou especial atenção à memória do fundador, o Ir. Roger Schutz, envolveu mais de 7.000 jovens, entre os 18 e os 35 anos, provenientes de todos os continentes e alguns jovens de Santarém estiveram lá.
Ponto culminante de três anos de estudos sobre uma “nova solidariedade”, para além de ser o evento final das cerimónias organizadas em 2015 em Taizé para celebrar três aniversários: o centésimo do nascimento do irmão Roger (12 de maio), o 75º do estabelecimento da comunidade e o 10º da morte do fundador (16 de agosto). Taizé proporciona sempre experiências diferentes e especiais, mas neste contexto esta semana foi ainda mais única.
Não é fácil descrever Taizé e esta é a segunda vez que lá estive, talvez porque Taizé não se descreve, nem se explica, descobre-se, experimenta-se, vive-se… mas vive-se, experimenta-se, descobre-se o quê? O infinito Amor de Cristo por cada um de nós, o Amor de Cristo que descobres em ti, no teu coração ao ritmo dos momentos de oração diários, no silêncio, ou nos cânticos sempre melodiosamente repetidos e cheios de intensidade; o Amor de Cristo que experimentas naquela comunidade, no acolhimento fraterno de todos os Irmãos, na simplicidade das pequenas coisas e gestos, no serviço e na disponibilidade para colaborar no dia-a-dia para que tudo seja possível; o Amor de Cristo que vives com os teus irmãos em Cristo, nos momentos de alegria, nas refeições, nas noites do Oyak ou nas festas das Nações, nas partilhas e em tantos outros momentos…
Além de tudo isto, o programa desta semana centrado na “Alegria, Simplicidade e Misericórdia”, dispôs de um conjunto de Fóruns da parte da manhã, e Ateliers há tarde, extremamente ricos a nível temático, abordando assuntos de carácter espiritual, social, político, económico, ecológico, bem como o diálogo inter-religioso onde o difícil de tudo isto era escolher em qual participar.
Outro dos momentos também especiais desta semana foi o encontro dos 350 portugueses com o Ir. David e o Ir. Alcides, com a presença também de Dom Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa que esteve toda a semana connosco. É muito bom saber um pouco mais sobre a comunidade de Taizé e ouvir as partilhas e motivações, do que leva tantos jovens de vários pontos do nosso país a viver esta experiência.
Na sexta-feira, 14 de agosto, teve lugar na Igreja da Reconciliação, no seguimento da oração da noite, a tradicional oração junto à cruz, onde muitos de nós jovens ficamos até altas horas da manhã para rezar junto à Cruz de Taizé. Este é sempre um momento muito intenso e profundo de encontro com Cristo. No sábado, dia 15, celebramos a Festa da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, e a oração da noite começou ao ar livre. Foi seguida de uma pequena procissão pela Vila, passando junto ao cemitério onde se encontra o túmulo do Ir. Roger e no final a Luz da Ressurreição de Cristo iluminou toda a Igreja com milhares de velas acesas. No Domingo, 16, aproximava-se o ponto mais alto da semana, tendo havido tempo para um momento histórico, na simplicidade de Taizé, a comer gelado e a beber café, todos à mesma mesa, com o Prior da Comunidade de Taizé, o Ir. Alois, representantes de organismos Cristãos, da Igreja Católica, das Igrejas Ortodoxas, Ortodoxas Orientais, Protestantes, Evangélicas, mas também de outras religiões, como o Hinduísmo, Budismo, Judaísmo e o Islão. Um momento indescritível onde se valorizou o que nos une muito mais do que aquilo que nos afasta. Seguiu-se o evento que encerrou de forma simples e grandiosa esta semana, com todos estes representantes, todos os Irmãos da Comunidade, e perto de 12 mil jovens, que celebraram uma oração de intercessão em memória do Ir. Roger, ao ar livre, no meio do prado verde que circunda a Vila de Taizé.
Está semana foi tudo isto e muito muito muito mais, voltámos para nossas casas agradecidos por ter tido a oportunidade de viver esta semana em Taizé e com vontade de sermos semeadores da paz e da simplicidade que recebemos. Mas também com um desejo enorme de em breve podermos voltar a beber da fonte que é a vida em Taizé.
João Toscano, 30 anos, Pontével