Estamos quase a entrar numa fase de rescaldo do verão. Aquela fase das baterias recarregadas e da preparação para voltar. Aquela fase para voltar às rotinas habituais, ou para romper com as “rotinas habituais” e fazer deste recomeço, não apenas mais um recomeço, mas um momento de especial graça.
Este verão dediquei-o ao reconhecimento das pequenas coisas. Abrir o meu coração e dar um lugar grande às coisas pequenas. Quantas vezes é que te tens apercebido de ser feliz nas pequenas coisas? E, quantas vezes, paraste para as agradecer? Recentemente, pude rezar isto com a ajuda da passagem bíblica dos Génesis 6, 14: “Constrói uma arca de madeiras resinosas. Dividi-la-ás em compartimentos e calafetá-la-ás com betume, por fora e por dentro.” e com o filme “Evan, o Todo Poderoso”. O que me ajudou a rezar esta questão foi a conclusão do filme: no início, Evan, pede a Deus que lhe dê uma oportunidade para mudar o mundo e, no final, o que conclui é que não mudou nada. No entanto, Deus mostra-lhe o quanto ele mudou, enquanto pessoa, junto da família e no seu mundo. Mostra-lhe que ele mudou nas pequenas coisas.
Que arca é que cada um de nós tem construído na sua vida? Que pequenas coisas temos mudado, para irmos mudando pequenos mundos? Como temos revestido o nosso interior e exterior das “agressões” do dia a dia, para manter calafetados os nossos compartimentos de amor, de bondade, de caridade?
E que recomeço é que queremos ter: um que nos faça ser capazes de saborear os momentos e de nos fazermos presente nos momentos, ou um recomeço igual a tantos outros e desatento?
Liliana Nabais