A vida é, constantemente, marcada por momentos de graça! Bem, que grande ínicio de reflexão… Há cerca de um ano, pude estar no Congresso “O Que De Verdade Importa”, no Campo Pequeno. Este Congresso, tem por base o testemunho de pessoas, cujas vidas se foram transformando. Ontem, no Campo Pequeno, realizou-se uma nova edição e, um ano depois, tenho ainda mais consciência de que as nossas vidas são marcadas por momentos de graça!
Estamos habituados a viver em constante movimento, em constantes mudanças e renovações e muitas vezes desculpamo-nos com falta de tempo para isto ou para aquilo, mas como li há uns tempos “grandes mudanças acontecem de dentro para fora” e, portanto, creio ser necessário educarmo-nos. Educarmos a nossa vontade, o nosso tempo, os nossos sonhos, a nossa esperança! Vivemos habituados a fazer resoluções de ano novo que, muitas vezes, são vazias: ou porque são tão “banais” que acabam por ser todos os anos as mesmas e verificamos que, ao longo do ano, não nos esforçámos assim tanto para as cumprirmos e caímos no desânimo, ou porque são tão complexas que, no dia a seguir, já nem nos lembramos do que “prometemos”. Porque é que não podemos encarar o dia-a-dia como uma passagem de ano diária? Se nos educarmos e todos os dias formos renovando a educação que damos à nossa vontade, ao nosso tempo, aos nossos sonhos, à nossa esperança, então talvez mais facilmente possamos reconhecer estas mudanças que vão ocorrendo e mais facilmente podemos ir reconhecendo a graça que é a nossa vida.
Estamos sempre a caminho e todos os dias, são dias novos para podermos recomeçar, para podermos engolir as passas daquilo que não conseguimos ser ontem, mas que hoje até já fizémos melhor e que amanhã já nem nos aperceberemos do esforço investido nesta ou naquela conquista, não por se tornar um ato mecanizado, mas por se tornar um ato de amor.
Um dos oradores do Congresso de ontem, Ângelo Felgueiras, piloto de avião e alpinista não hesitava em falar de superação e dizia que “os Everestes das nossas vidas são como elefantes. Para comermos um elefante, o melhor é comê-lo em fatias fininhas”. Quis com isto dizer-nos que os desafios da vida podem parecer e, efetivamente, ser muito grandes, mas se dermos um passo de cada vez acabamos por superá-los e acabamos por conseguir transformar as nossas vidas e, muitas vezes, ajudar vidas à nossa volta.
Não estamos propriamente a viver a passagem de ano, mas todos os dias podemos viver passagens. Passagem do pessimismo, para o otimismo. Passagem do “eu não sou capaz”, para o “ok, vou tentar”. Passagem daquilo que eu não gosto em mim, para “o que é que posso alterar, para começar a gostar?”. Neste tempo de Quaresma, é importante esta conversão, este reconhecimento daquilo que é a nossa limitação pessoal e que condiciona, muitas vezes, a nossa forma de estar e as nossas relações e quebrar as próprias barreiras e os próprios pré-conceitos para chegarmos, real e verdadeiramente, a uma manhã de Páscoa.
O que é que para cada um de verdade importa?