No último dia da semana de oração pelos seminários deixamos aqui os testemunhos dos nossos seminaristas para que possam continuar a rezar por eles.
O meu nome é Adayler Santiago, tenho 27 anos de idade, sou de São Tomé e Príncipe e pertenso a diocese de Santarém.
Normalmente, diante do testemunho de um jovem que decide enveredar a sua vida no seguimento mais íntimo de Cristo, abraçando o seu propósito, a pergunta inicial dos que ouvem ou lêem é: o que o/te levou a tomar essa decisão? Qual foi a motivação? Qual é a razão de ser? Porquê, seminário? E eu respondo: porque sim. Porque Deus quer. Confesso que de outra forma não sei responder. Mas, de uma coisa eu tenho a certeza, que não foi por acaso. O Senhor seduziu-me e eu deixei-me seduzir por Ele, e Ele conduziu-me até aqui e continua a conduzir. Por detrás de tudo está o mistério deste Deus que penetra o nosso ser.
Tudo começou com um simples convite do meu prior, no qual fiz a minha primeira experiência de uma semana no seminário. No princípio pareceu-me insignificante, mas achei divertido. Entretanto, voltei a fazer uma segunda experiência na qual me senti tocado. Lá está; a vocação como um golpe de amor. É precisamente este amor inefável de Deus que me envolveu e vai me auxiliando ao longo desta caminha. O grande desafio é saber como é que eu posso dar ao mundo aquilo que vou cultivando, experimentando, vivendo e saboriando nesta caminhada vovacional. Este testemunho é sem dúvida um passo importante, onde vos dou a conhecer, desde já e por experiência própria, quão importante é procurar nos configurarmos com Cristo tendo os mesmos sentimentos que Ele e o proximo. É um sentimento de responsabilidade pessoal, de crescer em Deus, encontrar a exigência da Igreja e do mundo e de viver e espalhar o Evangelho, levando aos outros a alegria do Evangelho. Está é a experiência, a vivência e o sentimento do estar no seminário (de ser seminarista).
André João Almeida Henriques
Através de vários testemunhos dados por seminaristas que passavam pela minha paróquia, comecei a perguntar-me interiormente O que quer Deus de mim? Na sequência da fragilidade física do Padre Diogo, que estava na minha paróquia, esta pergunta ressoou com maior intensidade no meu coração.
Foi então com a chegada à paróquia do padre Pedro Dionísio, que as conversas se foram tornando mais sérias. Fui mais tarde convidado para a semana de Verão de 2017. Aí encontrei um grupo de rapazes que rezava a proposta de Nossa Senhora aos pastorinhos: Quereis oferecer-vos a Deus? Posto isto, entrei no Pré-Seminário de Santarém e tive a oportunidade de através de encontros mensais e conversas, rezar a presença de Deus na minha vida. Em fevereiro, tive a graça de voltar a Taizé e de fazer a experiência de rezar em silêncio. Perguntei-me e entreguei-me nesta simples frase: Senhor, que queres de mim?
Quando regressei da experiência de Taizé participei de novo num encontro do Pré-seminário e numa partilha disse a seguinte frase, que diz muito do meu percurso vocacional: Eu querer, quero ser advogado, mas eu amo muito a vida de padre, no entanto, responderam-me com a seguinte frase que muito me inspira: Nós devemos fazer aquilo que nós amamos e não apenas aquilo que queremos ou simplesmente gostamos. Na minha paróquia de origem, Rio Maior, as conversas com o meu pároco e o seu testemunho diário de entrega e diligência inquietavam o meu espírito. Em plena Quaresma, passei tempos de silêncio diante do sacrário, ali a rezar o meu sim ao Seminário e na semana Santa deste ano, confirmei a minha vontade em entrar no Seminário.
Depois deste sim cabia-me acabar o ensino secundário e contar à minha família e aos meus amigos a minha decisão. De facto, muitos esperavam esta entrada. De uma maneira ou de outra todos acabaram por aceitar e apoiar a decisão.
O Tempo Propedêutico que agora estou a viver, é um tempo para estar junto de Deus, para sairmos da nossa área de conforto e contemplar o “mistério da Eleição”, de estar no Seminário e de me perceber chamado por Deus. Para percebermos que o mais belo da vida é fazermos a vontade de Deus. Durante este ano estas serão algumas das principais reflexões que levaremos a cabo: Quem é Deus?; Quem sou eu?; De onde Venho?; Onde estou hoje?; Para onde vou?….
Estas sete semanas enquanto seminarista, foram passadas a aprender a viver em comunidade; a cuidar e sentir o Seminário como minha casa; a reconhecer que os meus colegas são meus irmãos; a aprender a rezar a Liturgia das Horas e perceber a sua importância; a visitar algumas paróquias e a sentir o seu pulsar; e finalmente a aproveitar cada momento de encontro com Deus neste seminário. Assim, vou caminhando numa busca livre da vontade de Deus, com a ajuda da Igreja. Peço que rezeis por mim, pois também é por vós que aqui estou!
Bruno Filipe
«Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.» (Jo 10,10), eis uma frase que resume muito daquilo que me levou até ao seminário e que por cá me vai mantendo. Sou o Bruno, tenho 25 anos e sou das Paróquias de Tomar. Entrei para o Seminário de S. José de Caparide em Setembro de 2014 depois de ter estudado música na Universidade de Aveiro durante quatro anos. No meio de aulas recebidas e aulas dadas redescobri a fé para a qual tinha nascido no Batismo e surgiu uma vontade de algo mais. Queria uma vida abundante que, até então, não vivia. Aos poucos fui experimentando essa vida abundante e logo surgiu uma necessidade de dar a conhecer a outros esta vida que eu havia encontrado. Foi o desejo de que muitos outros experimentassem esta vida que me levou a pôr a questão: porque não padre? Quando entrei para o seminário esta questão não era assim tão clara, mas a pouco e pouco fui percebendo que esse meu desejo de mais, para mim e para os outros, se concretizava no caminho de formação para o sacerdócio. E aqui estou eu no quarto ano de Teologia no Seminário Maior de Cristo Rei a tentar concretizar esse meu desejo que vai coincidindo com a vontade de Deus. Por meio do estudo, da oração e da vida comunitária tenho tido a oportunidade de aprofundar o meu papel nessa vida. Por meio do trabalho pastoral que vou desenvolvendo quer na Paróquia da Golegã, quer em atividades da Pastoral Juvenil ou dos Convívios Fraternos, tenho testemunhado inúmeros exemplos de vidas abundantes. Como é bom estar aqui e poder testemunhar tudo isto. É por causa de cada uma dessas vidas que eu quero servir a Deus na Igreja. Ainda há muitas vidas que anseiam por abundância, então, porque não padre?
Dionísio Leite
Dionísio Cardoso Joaquim Leite, nascido aos 12 de abril de 1990, natural de São Tomé e Príncipe, filho de Manuel da Graça Joaquim Leite e de Isabel Cardoso Jone. Neste mês em que a Igreja celebra a semana dos Seminários, gostaria de apresentar o meu percurso vocacional, o modo como Deus tem agido na história da minha vida e na minha caminhada vocacional.
Nasci num país cristão, onde a maioria das pessoas professa a fé católica. Nos meus primeiros 11 anos de vida, nunca me apercebi se os meus pais eram ou não cristãos. Por isso, vim a descobrir ao longo da minha vida que ainda não tinha sido batizado. Por volta dos meus 12 anos estava eu num grupo de amigos a brincar ao lado da Igreja, na Vila de Ribeira Afonso, comunidade a que pertenço, quando apareceu um grupo das Irmãs e se pôs a brincar connosco. Depois, uma irmã colocou-nos uma questão relacionada com Jesus, se já tínhamos ouvido falar de Jesus; foi nos dizendo algumas coisas sobre Ele e eu fiquei surpreso pela forma com que ela falava de Jesus. Perguntei-lhe como poderia saber mais sobre a vida de Jesus. E a irmã volta-se para mim e pergunta-me: “Tu andas na catequese?” Disse que não, e então ela pediu que eu fosse buscar o meu documento de identificação para me inscrever na catequese. A partir desta altura, percebi que Jesus foi fazendo um caminho comigo e que Se foi manifestando na minha vida. Através do contacto permanente com a palavra de Deus, fui percebendo que assim como na Vigem Maria a palavra foi ganhando carne, também em mim isto foi acontecendo. Na minha forma de estar, de ser e de agir. Por isso, olhei para a história da minha vida e vi que tudo era dom de Deus. Com o passar do tempo também comecei a ter umas interrogações vocacionais, tais como: “o que Deus quer de mim? Quem é Deus e quem sou eu? O que posso fazer para estar mais próximo de Deus e viver uma entrega total aos outros?” Foi com essas inquietações que fui fazendo o meu discernimento vocacional na paróquia, acompanhado pelas irmãs e depois pelos padres que estavam ligados à pastoral vocacional da minha Diocese de origem. Com a ajuda desse discernimento, entrei para o Seminário. Com algumas leituras sobre a vida dos santos e com a conversa que tive com o meu Bispo, percebi que ser padre nem sempre se circunscreve ao lugar de que somos originários. Tal como nas palavras de Santo António Maria Claret, que dizia: “O meu espírito é para o mundo todo”. É com esse espírito que me predisponho para servir o Senhor, em qualquer lugar que Ele quiser. E ao longo desta caminhada, a passagem que mais me tem marcado é: “Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10). É esta vida que com a ajuda de Deus gostava de transmitir aos outros. Para que as pessoas possam experimentar esta alegria, esta felicidade que vem de Deus.
Termino implorando as vossas orações. Para que o Senhor possa fortalecer os corações de todos aqueles que O procuram seguir mais de perto, e que por intercessão de Nossa Senhora, possa fazer deles Sacerdotes Santos e Sábios para o bem de toda a Igreja de Cristo.
João Rodrigues Brites Moita
Chamo-me João, sou de Torres Novas e estou no sexto ano, o último da formação, o chamado Ano Pastoral que fazemos no seminário, e frequento o Seminário dos Olivais em Lisboa que acolhe várias dioceses, entre as quais a nossa!
Costumo dizer que a minha vocação surgiu dos bancos da igreja, no meio da minha comunidade onde fiz o percurso normal da catequese, onde recebi os sacramentos da iniciação cristã e onde comecei a aproximar-me, na fidelidade à Missa com o serviço ao altar como acólito e pela oração mais regular, o que me levou a descobrir e querer aprofundar a relação com Jesus. Pelo testemunho dos padres que foram passando na minha paróquia, pelo acompanhamento da minha família, foi particularmente importante a experiência que fiz nas Jornadas Mundiais da Juventude em Madrid (2011) no confronto com tantas questões interiores, em mim só surgia a pergunta: Senhor, que queres de mim?
Em 2012 conheci o seminário de S.José de Caparide, onde viria a entrar em Setembro desse mesmo ano com todo o acompanhamento por parte da diocese, e da família. Três anos passados neste seminário de sentido mais “vocacional” onde se questiona sobre a própria pessoa, onde se conhece a Igreja nas suas diferentes realidades e onde se procura conhecer o próprio Deus na profundidade de relação com Ele e com os que caminham connosco, dei continuidade ao caminho de discernimento com a passagem para o Seminário dos Olivais onde caminho pelo quarto e último ano.
Aproximando-me da etapa final da minha formação no Seminário, é bem visível que foram muitas as transformações pessoais. É-me muito claro que Deus não escolhe os capacitados mas, aos que escolhe, capacita-os na resposta ao chamamento e, consequentemente, para a fidelidade na resposta. No dia-a-dia do Seminário procuramos responder a Deus principalmente pelo crescimento na dimensão espiritual, centrada na Missa diária; na dimensão comunitária, procurando entre todos os que aqui caminham viver num saudável ambiente comunitário e familiar; na dimensão pastoral, procurando pelo “estágio pastoral” nas paróquias crescer na configuração ao Bom Pastor; por último, mas não menos importante, pelo estudo da Teologia no curso que fazemos ao longo do tempo da formação como um importante instrumento.
Confio-me à vossa oração, que acredito que me tem suportado em tantos momentos neste caminho, que nunca é solitário. Estamos sempre bem acompanhados por Aquele que nos chama, seja qual for a nossa vocação!
Magney Silveira
Antes de mais, começo por dizer que o suscitar da minha vocação não surgiu por meio de uma experiência muito forte, mas sim da tomada da consciência duma realidade bastante presente na minha diocese de origem (São Tomé e Príncipe), ou seja, a partir do momento em que fui tomando consciência de que a minha diocese, carecia muito de pastores para levar aos homens a mensagem do Evangelho, de homens que falassem dos homens a Deus. Deste modo, fui confrontando esta realidade com o Evangelho (cf. Mt 9, 37-38; Mt 20,1-16), onde percebi que próprio Jesus viveu esta situação e estendeu-nos o convite para trabalharmos na vinha do Seu Pai, de tal modo que também não podia ficar indiferente à sua preocupação que, na verdade, continua a ser nos dias de hoje umas das grandes preocupações da Igreja.
Entretanto, fui-me alimentando com este gesto e preocupação de Jesus e tendo sempre em conta a grave carência de padres que se fazia sentir na minha diocese, decidi então ser um destes que poderia futuramente ajudar a suprir esta necessidade. Claro que, também estava ciente de que mesmo assim, Igreja careceria sempre de pastores. No entanto, consciente disso, comecei a frequentar o grupo dos vocacionados da minha paróquia, onde fiquei um ano e alguns meses, sob a orientação de madres Canossianas e do meu prior. Portanto, com o passar do tempo no grupo e depois de tantos colóquios com o meu pároco, decidi entrar para o seminário em Setembro de 2012. Terminados os estudos secundários em Julho de 2013, fui para o Seminário de Sagrado Coração de Jesus em Luanda sete meses depois, onde fiz o curso de Filosofia durante três anos. Tendo concluído o curso, regressei à São Tomé em Novembro de 2016 para as férias num período de 3 meses. Infelizmente, por razões óbvias, acabei por ficar 8 meses e já não voltei mais a Angola. Contudo, como é Deus quem molda as nossas histórias e sonda os nossos caminhos, fui enviado a Portugal, concretamente à diocese de Santarém (14 de Julho de 2017) a fim de continuar os estudos teológicos. Mas antes começar os estudos, fiz ainda um tempo propedêutico no Seminário de São José de Caparide (2017-2018). E hoje, por mercê de Deus sou seminarista diocesano de Santarém, no Seminário dos Olivais.